Estamos em plena época de Páscoa. Uma época de festejos religiosos que celebra a morte (sexta-feira santa) e a resurreição de Jesus Cristo. Nas festas pagãs, originalmente, celebrava-se a passagem do Inverno para a Primavera.
Nestas épocas costumamos reunir à mesa a família e é hábito confeccionar determinados pratos tradicionais como o cabrito ou borrego, (assado, num ensopado) os folares de Páscoa, e o arroz - doce.
Embora na minha casa as tradições da Páscoa não sejam celebradas, ainda para amis porque este ano coincidem com o meu aniversário, não deixamos de ter um docinho tradicional à sobremesa, como é o caso deste tradicional arroz doce. Falarei no final acerca desta doce tradição chamada arroz doce! Esta receita é do livro 12 meses de cozinha.
Receita para 4 pessoas
Tempo confecção: 40 minutos
Grau de dificuldade: Médio
Ingredientes
125 g arroz
1 c. sopa de manteiga
150 g açúcar
7,5 dl leite
3 gemas
1 casca de limão
canela em pó e em pau
Confecção
- Comece por levar ao lume um tacho com água abundante com uma pitada de sal.Quando a água ferver introduza o arroz. Após retomar fervura deixe o arroz cozer durante 2 minutos.
- Num outro tacho aqueça o leite até ferver com a casca de limão e o pau de canela.
- Escorra o arroz muito bem e mergulhe-o no leite a ferver.
- Deixe cozer em lume brando, com o tacho destapado.
- Retire do lume após estar cozido e adicione o açúcar. Mexa rapidamente e junte finalmente as gemas batidas e a manteiga.
- Coloque novamente ao lume muito brando, durante uns minutos, sem o deixar ferver.
- Deite o arroz em tacinhas e enfeite com canela em pó.
Saiba mais sobre... o arroz doce.
Podemos apreciar um prato de arroz doce em qualquer canto do mundo. Cada com com a sua receita, em Portugal é uma das nossas imagens de marca e não há região que não o confeccione.
Desde o século VI a.C. que há registos de arroz cozido em leite com açúcar. A chegada da cana-de-açúcar da Índia ao Médio Oriente, onde já se cultivava o arroz, marca a origem desta especialidade que perdurou até aos nossos dias.
É possível imaginar que, muito antes, estes alimentos coexistiam na Índia e que, inclusivamente na Ásia, substituído o leite de origem animal pelo leite de coco, este doce era saboreado desde os tempos mais remotos.
Posteriormente, a fama do arroz doce espalhou-se rapidamente por toda a Europa e a cor dourada que o melaço lhe conferia passou ao branco característico, já no século XIII, quando se começou a utilizar açúcar refinado. O século XVIII marca o momento do baptismo desta sobremesa, que revela todo o seu encanto em todos os livros de receitas europeus.
Durante os últimos vinte e seis séculos, o arroz cozido em leite com açúcar conservou praticamente intacta a sua essência original.
A sobremesa de arroz doce em Portugal reflecte esse desejo de manter vivas as doces tradições ancestrais. Servi-lo no final do almoço de domingo, ou em qualquer acontecimento digno de celebração, significa venerar um costume antigo e honrar os dias festivos.
As inúmeras referências revelam esta aliança do arroz doce e determinadas datas do calendário. Sirva de exemplo o Natal que, nas aldeias e cidades portuguesas, é muito acarinhado nas suas tradições, convertendo a gastronomia no eixo central sobre o qual gira a celebração. Deste modo, e antes de se ir à popular Missa do Galo, não falta o prato de arroz doce e os doces conventuais que são com frequência servidos após um vistoso bacalhau cozido.
Outro momento em que o arroz doce aparece é em muitas bodas portuguesas. Trata-se não só da sobremesa principal da ocasião, como é típico a família dos noivos oferecer arroz doce aos seus convidados uns dias antes da cerimónia. Actualmente, subsiste o mito de que a quantidade de arroz doce com que se recebe os convidados é proporcional ao grau de parentesco.
Desde o aroma que lhe é oferecido pela canela, passando pelo toque subtil que a casca de limão lhe dá, e terminando na porosidade que o ovo lhe confere, o arroz doce português admite, na sua preparação, pequenas variantes que permitem personalizá-lo e torná-lo único em cada mesa.
Fonte:
O arroz doce e os dias festivos